quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cântico Negro - José Régio (Colaboração de Marcos Gouveia)

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Uma Mala com Problemas (Em construção)

Querida Mamãe:

Sou uma mala. Reconheço que sou uma mala. Uma mala com alça central, rodinhas de borracha e tranca com segredo. Uma mala inteirinha, afinal o que mais passa meses a fio no maleiro ou no alto de um guarda roupas? Cheia de roupas de inverno, cobertores que não estão em uso e roupas para as quais o manequim engordou.

Estou aqui em cima do guarda-roupas há mais de 10 meses. É absurdo como se pode acreditar que uma mala viva sem viajar, mas acreditam. Tanto acreditam que fui comprada há 4 anos, 7 meses e 18 dias e, sabem quanto tempo passei fora desta casa? 34 dias somente e isso porque me emprestaram para a vizinha que me levou no porta malas de um carro até Belo Horizonte e só voltei 16 dias depois. Veja bem: num porta-malas...eu, uma mala totalmente feita em material plastico de alta resistencia ao impacto e totalmente vedada, podendo ficar exposta a intempéries e temperaturas extremas... num porta-malas de onde não se podia ver nada. Só tomei um arzinho quando um pneu furou e tiveram que me tirar para poder pegar estepe e macaco. Foi menos de meia hora. Eu e mais duas sacolas ali na beira da estrada vendo os carros passarem, aproveitando aquela brisa do final de tarde. Depois... ah...depois fui jogada pra dentro sem nenhuma cerimonia e paff... escuridão total por mais umas oito horas.

Com o cara que me comprou, só viajei por 18 dias em quase 5 anos!!! Um absurdo sem igual que conto aqui só porque é um maldito desabafo mãe, pois eu não estou mais agüentando. Acho que ele me comprou porque não tinha onde por esse monte de roupas velhas. Não é porque queria viajar.

E eu, besta, acreditei. Quando fui comprada foi num dia de festa. Daí a dois dias eu iria para Roma e de lá, depois de 19 horas de vôo, inspeções nas aduanas e tudo a que uma mala de respeito tem direito, mais quatro horas de trem, para a cidade do modernismo, Firenze. Que ar se respira naquela cidade... cultura... história. Uma viagem agradabilíssima e irretocável. Foram dias gloriosos e eu achei que seria a primeira de muitas a que o Cérebro Brilhante me levaria. Dei ao meu dono esse nome, porque é inacreditável a falta de inteligência dele.

Em Firenze, ainda na linda estação de trem, algumas malas locais me disseram com grande orgulho que a cidade foi durante muito tempo considerada a capital da moda, berço do Renascimento italiano e uma das cidades mais belas do mundo. Cidade natal de Dante Alighieri, autor da Divina Comédia, poema no qual descreve Florença em muitas passagens, assim como alguns de seus contemporâneos florentinos célebres, que também são personagens da obra.

Já no táxi, aboletada no banco traseiro, ouvi o motorista falando ao Cérebro Brilhante que a Grande Sinagoga de Florença, que avistamos ao passar em frente, é também conhecida como Tempio Maggiore, e é considerada uma das mais belas da Europa. Disse também que Firenze alem de ser berço de seis papas, é cenário de obras de artistas do Renascimento, como Michelangelo, Leonardo da Vince e Giotto.

Bom, mas nessa viagem, desde o embarque em Guarulhos até descer na terra do papa, cruzei com inúmeras malas velhas, bolsas desmanteladas, malas de couro amarrotadas e caixas de papelão sem graça. Garbosa puxava conversa com todo mundo, me fazendo de entendida em viagens internacionais. Apesar do meu brilho e da ausência de riscos que demonstrava minha pouca experiência, minha língua voraz falava mais do que eu mesma podia acompanhar. Nas esteiras pelas quais desfilei não tinha quem não olhasse para mim com olhos de cobiça. Até os rapazes da companhia que cuida das bagagens me colocavam com carinho junto das malas das classes executivas que em geral são Louis Vuitton e Chanel.

Tinha ouvido tantas historias na fabrica onde fui feita... depois, a loja onde me compraram. Lembra da loja mãe? Ficava de frente a uma revistaria, ou melhor dizendo, uma banca de jornais. Era de lá que ficavamos ouvindo as historias de viagens distantes, de destinos insuspeitos, de praias, desertos e oásis. Cidades como Detroit, São Francisco, Nova Yorque e Madri. Amsterdan, Praga, Cidade do Cairo. João Pessoa, Campo Grande e Quixeramobim. Os guias de viagens e as revistas especializadas expostas na banca, conversavam entre si como que para nos encher de inveja.

Afora isso nunca havia viajado, como a senhora sabe, e depois dessa escapadinha para a Europa, nunca mais viajei com meu dono. Aliás, to sendo injusta. Viajei sim; na cabeça dele, nos sonhos dele. Aqui do alto fico prestando atenção as “conversinhas para boi dormir”. Tanta promessa que mais parece outra coisa. Bariloche no inverno, Fortaleza no verão e por ai vai. Besta de quem acredita nisso porque eu já acreditei e me dei mal. Basta ver o meu estado alterado.

Bom, mas voltando o assunto. Qual era mesmo o assunto?...Caramba, minha memória anda um lixo. Também não é pra menos. Fico aqui de cima sem conversar com ninguém, acho que isso acaba atrofiando o cérebro das malas. Deus meu!!

Ah, lembrei !!! Sabe o que me aconteceu de mais estranho na vida? Fui arrombada !!
Sério... arrombada...na boa... arrombada mesmo. Acredita que o pirralho, filho do Cérebro Brilhante, ficou quase duas horas com uma faca, fuçando a minha fechadura de segredo?
Pois é...fuçou tanto que não consegui segurar de tanta cócega. Abri-me. Ah...fazer o que? Abri-me e pronto. O moleque mexeu nas coisas que estão dentro de mim, fuçou e foi embora. Me deixou aberta, com a tampa só encostada e ainda esqueceu aqui dentro uma caneta; essa que estou usando agora.

Que final infeliz para uma mala...Deus meu... Agora chega. Não vai dar em nada mesmo ficar aqui reclamando. Deixa eu tirar um cochilo porque quem sabe eu acordo daqui a 10 anos na cabine de um transatlântico.

É isso mãe, vou desligar. Se por acaso um dia a senhora receber esta carta, minha vida já terá valido a pena. Espero que a senhora tenha tido mais sorte do que eu.

Beijos da sua

Sun Son Nite

(Alcy Paiva - 14/07/09)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dois Quarteirões depois da Caps Lock (Em construção)

No meu teclado mora uma formiga. Dessas pequenas que não se sabe ao certo se faz mal ou bem quando misturada ao café com leite. Todos os dias, quando ligo o computador, ela sai lá de dentro sonolenta e atrapalhada. Corre por sobre o teclado, entra aqui e ali pelas frestas entre as teclas e eu tomo cuidado para não esmaga-la porque também estou dormindo ainda. Depois de algum tempo, desaparece mesa afora e as vezes a encontro tentando ler os papeis impressos. Não me parece que goste de manuscritos.

Fico pensando no barulhão que devo fazer ao acionar das teclas lá dentro e confesso que algumas vezes aperto devagar a tecla F11 antes de ligar o computador. É que ela deve morar entre a Print Screen e a F12; sempre a vejo saindo de lá. Fico imaginando ela dando o seu endereço residencial para as colegas.

Bom, mas o fato é que nunca havia imaginado que o teclado fosse um condomínio de formigas, até vira-lo ao contrario num dia em que a tecla Num Lock se recusava a funcionar. Saíram dúzias de dez pequenas formigas alem de pedaços minúsculos de pão ou coisa parecida e vários cabelos brancos. Não tinha me dado conta também de que meus cabelos estivessem caindo.

Depois da indignação pelos cabelos e casquinhas de pão levadas para o interior do teclado, fiquei pensando na sociedade de formigas que se havia montado bem na minha frente, sem que eu me desse conta. Talvez a formiga primeira tivesse mandado buscar na cidade dela as suas parentes dizendo que havia adquirido, aqui na capital, um bairro inteiro e que era preciso habita-lo antes que outras famílias o fizessem.

A formiga que eu via não deveria ser a mesma. Também seria impossível distinguir quem era quem e elas devem ter treinado para evitar que eu descobrisse que ao invés de uma formiga solitária, todo um clã numeroso habitava no teclado. Depois da descoberta, passei a prestar mais atenção nas suas atividades.

Lá pelas 10 e tanto da manhã o sol bate na minha mesa de trabalho e, não sei se é porque descobriram que já sei do seu segredo, se é porque nessa época do ano o sol entra numa inclinação ideal para a saúde das formigas ou se é só porque agora percebo que elas estão por ali, mas o certo é que muitas delas saem como que para passear. Algumas saem aos grupos e penso que talvez seja uma excursão da escola infantil até algum parque de diversões ali próximo.

Sei que serei motivo de riso se essa história se espalhar mas acho que me faz bem ao ego ser um benfeitor para aquelas formigas. Talvez até mereça uma praça com meu nome ou um lugar de destaque em suas orações. Num mundo onde não se pode ver uma bichinha dessas que logo se corre para mata-las, fico eu acobertando um bairro inteiro delas. Não admito que a faxineira encoste em minha mesa de trabalho, sob pretextos mil, alegando que a desordem que reina é justamente a organização que não se vê, porque lá sei aonde estão todos os meus papeis e se mudarem a ordem nunca mais conseguirei trabalhar direito. Por outro lado, vez por outra levo um misto-quente para comer enquanto trabalho porque é certo que algumas casquinhas irão cair para ajudar no lanchinho das formigas.

Certo dia receie que a comunidade tivesse sido descoberta quando tive que recusar o presente de um teclado sem teclas, sem frestas nem nada, eletrônico segundo me disseram. Bastava roçar o dedo sobre a letra e ela já aparecia na tela, sem barulho nenhum. Foi o que precisei para dizer não: eu disse que o barulhinho das teclas, o clank clank é que me dá a exata noção do quanto trabalho. Nessa tarefa espinhosa de recusa minha mulher me ajudou pois disse que sem o barulho ela também não saberia se estou trabalhando ou dormindo na frente do computador que ela não consegue ver com facilidade enquanto cuida da administração da casa e de tudo mais.

Às vezes me estendo até mais de duas da madrugada usando o computador e vejo uma ou outra fazendo um passeio noturno, ou talvez deva ser um guarda noturno, afinal as formigas são muito organizadas. Vez por outra penso que elas também estejam pensando em mim:

- Pô ... esse cara não se toca que já são duas da madrugada e nós precisamos dormir para acordar cedo e ir trabalhar?

- Calma querido. Você não percebe que ele está doente da cabeça. Fala até com formigas!

- É... você deve ter razão... melhor deixar esse xarope pra lá.

Ai viram pro outro lado e dormem, certos de que o deus das formigas os abençoará por serem tão compreensivas e complacentes.

Quanto a mim, continuo aqui sem entender como meus próprios cabelos vão parar dentro do teclado, uma vez que não escrevo com a cabeça sobre ele.

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90
"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"

Eç Queiroz, O Primo Basílio.

domingo, 24 de maio de 2009

Erva-daninha - Alcy Paiva 24/05/09

Vou crescer à sua volta, feito coisa imprestável e indesejada.
Vou ficar aos seus pés feito coisa que não se queira
Porque sou eu e não você quem decide quando devo ir,
Porque é você e não eu quem me classifica ruim assim.

Se não devo ter esperanças; o problema será meu.
Se não devo esperar nada; quem sabe nunca esperarei
Receberei qualquer enxovalho como elogio.
Se não devia estar ali dizendo que te amo;
Estarei por tanto tempo até que isso me faça mal.

Devia colocar nessa sua linda cabeça,
Que o que sinto, independe de sua vontade.
Que o que sou, independe do seu querer.
Foi você quem mudou. Foi você que negou o que sentia até então.

Não eu. Não. Eu continuarei aqui feito estação sem trem.
Ansiosa pelo roncar dos seus motores,
Pelo calor que exala de sua fronte lívida,
Pela vivacidade que me mostrastes e me apresentastes.

Fico aqui sem passagens nem passageiros.
Fico aqui aguardando o tremor em minha plataforma.
Porque me mostrastes que sou frágil, por ter-me sentido inumano sem você.
Por me ter feito ver que a felicidade dos trilhos é o peso do seu corpo que passa.

Serei erva daninha em sua horta.
Serei capim sem valor em seu jardim.
Serei, sem querer, feito praga em suas plantas.
E mesmo quando não me quiser sentir ou ver,
Lá estarei. Indesejado. Para o meu prazer.

Alcy Paiva - 24/05/09

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Adendo de Angela Paiva à poesia QUANDO EU FOR REI
22/05/09

Quando eu for REI
O bom dia se seguirá de um sorriso irmão
A ofensa sempre terá perdão
Na bondade haverá gratidão
Para qualquer cegueira, a visão
Em caso de incompetencia, copreensão
Aos iletrados, a instrução
E que todo o sentimento venha do coração.

domingo, 17 de maio de 2009

MORRE O AMOR - MAIO - 2009-05-15

Tenho a certeza de que amor,
O sentimento ao qual damos este nome,
E mesmo o nome que designa tantos sentimentos,
É coisa desconhecida, ou então, no mínimo,
É tanta coisa conhecida, que se parece com tudo,
Ficando seu real significado, se é que o tem,
Sendo nada.

Todos os esforços de trinta anos ou cinqüenta,
Não significam amor nem entregam este significado.
Todo o intento de compreende-lo, de vive-lo ou viver
Sob os auspícios de uma lei chamada amor,
Revelam-se vazios, mostram que também não é lei,
Também não é conceito, como verdade ou justiça.
É vão. Qualquer um pode desacredita-lo,
Qualquer um mostra, com um mínimo de experiência,
Formação ou intenção, que não passou de outra coisa:
Amor não!

Não há abnegação, entrega,
Não há devoção sob a qual não paire a suspeita,
Tudo se resume, tudo se conceitua:
Era medo, era comodismo, era safadeza,
É falta-de-vergonha-na-cara,
É, e pode ser tudo.
Amor não!

O amor morreu.
É isso; morreu e não lhe queremos aceitar a morte.
Ficou somente nas fábulas, nas estórias de criança,
Não mais existe e daí não mais o encontrarmos.
Tudo o mais é qualquer coisa de vulgar,
Qualquer coisa de desprezível,
Qualquer coisa que de tão insolente,
Lembra que antes, tudo era amor.
Mas isso foi antes. Antes da morte, antes de amar.

Ou é isso, ou outra coisa diametralmente oposta
Mas ai as pessoas seriam também o oposto
Daquilo que imaginamos.
Nesse caso, melhor mesmo que o amor não exista.
Seja somente esperança de existir.

Afinal é o que também somos,
Nós que até agora acreditávamos no amor:
Quase-pessoas com esperança de vir a existir
Nada mais que isso.
Um sonho à espera de um escritor de fábulas.
À espera de crianças que acreditem no amor.

Alcy Paiva
AMOR QUE TIVE – Maio 2009-05-17

Amei desesperadamente,
Amei apressadamente
Como se o tempo corresse sempre que amava
Passava rápido e eu, sem me dar conta, passava também.

Um sentimento de desespero se apoderava de mim,
E a isso chamava amor,
Mas um dia me dizia que aquilo que eu era,
Que eu sentia e me desesperava,
Que aquilo não era amor.

Tentava insistentemente mostrar,
Demonstrar que era amor,
Que era descompromissado, então era amor.
Que era gratuito, então era amor.
Que era pleno, então, só podia ser amor.
Que fazia belo o meu mundo,
Que fazia feliz a minha vida,
Mas não.

Quem eu mais amava,
Usava de recursos que jamais imaginara
Para me mostrar sempre:
Era egoísmo, loucura ou covardia.
Quem era eu pra entender de amor?
De amor entendiam eles, que me repreendiam.
Aliás, de amor ainda entendem,
Pois a mim não voltaram pra dizer que erraram.

Não sabem o mal que me causaram,
Não sabem o fardo que me impuseram.
Não acredito nem no amor que tive.
Não acredito nem mais em mim.

Talvez exista sim o amor,
Nesse caso, eu é que sou indigno
Eu é que sou vil,
Para senti-lo ou para recebe-lo.

Deus do céu !!!
Devo ter feito muito mal
À quem imaginei amar.
Daí a paga que me deram,
Daí o abandono em que vivo.

Deus do céu !!!
Olhai por mim.
Alcy Paiva

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Adendo ao poema QUANDO EU FOR REI - Violeta Paiva

No meu reinado, quero que mesmo com a chegada da maturidade me seja dado o direito de sentir e agir com criança de colo e com a impulsividade do adolescente...

Quero também que a distancia entre as pessoas possa ser percoriida com a rapidez dos nossos pensamentos...distancia é algo que me incomoda muito..não só a distancia fisica mais a distancia de almas.

(continua depois)
Via láctea (Olavo Bilac)

Ora (direis) ouvir estrelas!
CertoPerdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite enquanto
A via láctea, como um pálio aberto, Cintila.
E ao vir do Sol, saudoso e em prantoInda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado- amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido
Têm o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Mario Quintana

AMOR É SÍNTESE

Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...

Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.
Mário Quintana


Amor não é se envolver com a pessoa perfeita,
aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real,
exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.
Mário Quintana

Oswaldo Montenegro

METADE

Que a força do medo que tenho,
Não me impeça de ver o que eu sei,
Que a morte de tudo que acredito,
Não me tape os ouvidos e a boca,
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silencio,
Que a musica que eu ouço ao longe,
Seja linda ainda que triste,
Que a mulher que eu amo,
Seja pra sempre amada mesmo que distante,
Porque metade de mim é partida,
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo, não sejam ouvidas como prece,
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas,
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
Mas a outra metade é o que calo,
Que essa minha vontade de ir embora,
Se transforme na calma e na paz que eu mereço,
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada,
Porque metade de mim é o que penso,
Mas a outra metade é um vulcão,
Que o medo da solidão se afaste,
E o convívio comigo mesmo,
Se torne ao menos suportável,
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso de infância,
Pq metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei,
Que não seja preciso mais que uma alegria
Pra aquietar o espírito,
E que o teu silencio me fale cada vez mais,
Porque metade de mim é abrigo,
Mas a outra metade é cansaço,
Que a arte me aponte uma resposta,
Mesmo que ela não saiba,
E que ninguém tente complicar,
Porque é preciso simplificar,
Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção,
E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,
E a outra metade também.

Poema de autoria não confirmada, declamado por Oswaldo Montenegro

Poesias da Elizete / Bella - Itapira/SP

Mulher
Sou uma mulher que anda de salto alto...E uma menina que brinca no balanço...Sou uma mulher que luta...E uma menina que chora...Sou uma mulher cheia de desejos...E um menina cheia de sonhos...Sou uma mulher que briga...E uma menina que perdoa...Sou uma mulher que faz regime...E uma menina que se “entope”de sorvetes e chocolates...Sou uma mulher que grita...E uma menina que ouve...Sou uma mulher que fica triste...E uma menina que da risada...Sou uma mulher que tem grandes irmãos...E uma menina cheia de “coleguinhas”...Sou uma mulher que acredita em DEUS...E uma menina que confia no“Papai do céu"...Sou uma mulher que "encanta"...E uma menina que aplaude...Sou uma mulher que sobrevivelonge da família...E uma menina que chora desaudades...(D. A)




JOGO DO AMOR

AMOR QUE JOGO PERIGOSO,
NESSE JOGO EU JA PERDI MUITAS VEZES,
PQ AMEI DEMAIS,
CONFIEI DEMAIS,
ME ENTREGUEI DE CORPO ALMA,
MINHAS NOITES DEMORAM A PASSAR,
ESTOU SÓ,
MEU CORAÇÃO JA NÃO BATE COM A MESMA INTENSIDADE DE ANTES,
TUDO ESTA MUITO CONFUSO,
A NOITE ESTA ESCURA,
O SILENCIO É TOTAL,
POSSO OUVIR MEU POBRE CORAÇÃO
BATER DESCOMPASSADO,
JA É MADRUGADA, A LUA VAGA PELO CEU,
E AINDA ESTOU SÓ,
MINHA ALMA CHORA,MEU CORAÇÃO
PARECE QUE DOI,
QUERO UMA EXPLICAÇÃO PARA O MEU
POBRE CORAÇÃO, QUE QUER AMAR
E SER AMADO
PERDENDO OU GANHANDO,
VOU CONTINUAR JOAGANDO
PREFIRO MORRER DE DOR, DO QUE VIVER SEM AMOR..

(M.D.P.)




Não sou Poema

Não sou lágrima...
Mas já molhei muitos rostos
Não sou o sorriso...Mas ofertei muitas gargalhadas.
Não sou à noite...Mas já brindei com muitas estrelas.
Não sou a brisa...Mas já encantei muitas auroras.
Não sou o não...Mas já dissimulei o perdão.
Não sou o verdugo...Mas já fui à mão que abate.

Eu sou a brisa sem rumo...
A folha que se desvencilhou do galho.
O perfume que se perdeu no vazio.
A flor que morreu sem ser botão.
Sou o pensamento que vaga,
Buscando numa eternidade abstrata...
O descanso da alma perdida.
A lágrima que jamais será um pranto.
Busco-te sem fronteiras...
Não importa o tempo...
Quando sorrir o universo,
Tu serás a luz, o meu poema







PALAVRAS CREMADAS !!!

Meus versos de amoreu cremei
Palavras de amor,sonhos e desejos
incinerei um à umaté nada mais restar.
Cremei a vida que eu tinhas lembranças vividas,
o pranto sofrido,a saudade doída,o riso de alegria,a lágrima disfarçada.

Incinerei as palavrasde minha boca saída
que um dia tão somente
Queimei doces lembrançasdo abraço apertado,
do perfume suave,do jeito de amar,

Me livrei de tantos sonhos,cinzas foi o que restou
Mas ai de mim foi enganopois a saudade ficou.
Incinerei minha vida, mas minha alma ficou
e me mostrarà todo instante, que mesmo espalhadas
no ar as cinzas me trazem infinitas
do amor q um dia eu vivi...

(A.Cecilia)



Mulheres
Nós Mulheres Somos Foda!!
Não broxamos. Não ficamos carecas.
Temos um dia internacional.
Podemos sentar de pernas cruzadas, porque não dói.
Podemos usar tanto rosa quanto azul.
Temos prioridades em boates ou em qualquer outro lugar...
A idade não atrapalha no nosso desempenho sexual.
Se somos traídas somos vítimas, se traímos eles são cornos.
Sempre sabemos que o filho é nosso.
Não pagamos a conta, no máximo rachamos.
Podemos dormir com uma amiga sem sermos chamadas de lésbicas.

Mulher de embaixador é embaixatriz, homem de embaixatriz não é nada.
Nós saímos pra curtir e não pra pegar, isso é só uma conseqüência.
E por último: fazemos TUDO que um homem pode fazer
só que com um detalhe:De Salto Alto!'''



Mulher
Sou fera, sou bela, sou mulher.
Vou a luta, vou em busca do melhor.
Nesse mundo absurdo, ninguém quer.
Ser um fraco, ser um burro, ser o pior.

Sou uma dama da nobre sedução.
Sou menina, sou ingênua, sou gatinha.
Tenho cérebro, tenho coração.
E, acima de tudo eu sou rainha.

Nesse mundo, sou mulher, sou mulher.
Quando todos os sonhos desapareceram.
Onde só reina o ódio, ambição e o sofrer.
Onde os valores morais já se perderam.
Mais, sou de fibra, sou de ferro, sou de aço.
Passo por cima de tudo na maior.
Prendo, arrebato e dou um laço.
Pois, pretendo ser a melhor.

Prendo o pouco do amor que restou.
Arrebato todas as futilidades.
Laço a esperança, que mudou,
Todas as minhas contrariedades.
Sou sexo frágil, mais sou mulher.
Carrego em meu ser a sobriedade.
Pretendo não me esquecer.
De mudar essa sociedade.


DECIFRA-ME

Não venha me falar de razão, Não me cobre lógica, Não me peça coerência, Eu sou pura emoção. Tenho razões e motivações próprias, Sou movido por paixão, Essa é minha religião e minha ciência. Não meça meus sentimentos, Nem tente compará-los a nada, Deles sei eu, Eu e meus fantasmas, Eu e meus medos, Eu e minha alma. Sua incerteza me fere, Mas não me mata. Suas dúvidas me açoitam, Mas não deixam cicatrizes. Não me fale de nuvens, Eu sou Sol e Lua, Não conte as poças, Eu sou mar, Profundo, intenso, passional. Não exija prazos e datas, Eu sou eterno e atemporal. Não imponha condições, Eu sou absolutamente incondicional. Não espere explicações, Não as tenho, apenas aconteço, Sem hora, local ou ordem. Vivo em cada molécula, Sou o todo e sou uno, Você não me vê, Mas me sente. Estou tanto na sua solidão, Quanto no meu sorriso. Vive-se por mim, Morre-se por mim, Sobrevive-se sem mim. Eu sou começo e fim, E todo o meio. Sou seu objetivo, Sua razão que a razão Ignora e desconhece. Tenho milhões de definições, Todas certas, Todas imperfeitas, Todas lógicas apenas Em motivações pessoais, Todas corretas, Todas erradas. Sou tudo, Sem mim, tudo é nada. Sou amanhecer, Sou Fênix, Renasço das cinzas, Sei quando tenho que morrer, Sei que sempre irei renascer. Mudo protagonista, Nunca a história. Mudo de cenário, Mas não de roteiro. Sou música, Ecôo, reverbero, sacudo. Sou fogo, Queimo, destruo, incinero. Sou água, Afogo, inundo, invado. Sou tempo, Sem medidas, sem marcações. Sou clima, Proporcional a minha fase. Sou vento, Arrasto, balanço, carrego. Sou furacão, Destruo, devasto, arraso. Mas sou tijolo, Construo, recomeço... Sou cada estação, No seu apogeu e glória. Sou seu problema E sua solução. Sou seu veneno E seu antídoto Sou sua memória E seu esquecimento. Eu sou seu reino, seu altar E seu trono. Sou sua prisão, Sou seu abandono e Sou sua liberdade. Sua luz, Sua escuridão E seu desejo de ambas, Velo seu sono... Poderia continuar me descrevendo Mas já te dei uma idéia do que sou. Muito prazer, tenho vários nomes, Mas aqui, na sua terra, Chamam-me de AMOR.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Editorial para o site da OEGSP Dez./08

QUANTO MENOS, MELHOR.
Vemos muitas entidades, algumas até com larga exposição na mídia, abordando sempre os mesmos temas: pobreza, carências, doenças, tristeza, discriminação, abandono, violência e atrocidades. À frente da TV ou ao receber a ligação de uma das inúmeras campanhas de telemarketing, as pessoas já identificam automaticamente: é uma associação filantrópica. A resposta também já está na ponta da língua: “não, já ajudo outra associação... já fiz uma doação este mês...”
Estão erradas as pessoas que respondem assim a um apelo, por vezes, um ultimo grito de socorro? Não, claro que não. Para falar do péssimo e semear a tristeza e a decepção já temos centenas de noticiários de meia tigela invadindo os lares de todos. Ninguém precisa de mais.
A pergunta que coloco é simples: Pretendemos mudar o mundo desta forma?
Se acreditarmos que massacrando as pessoas com “mais do mesmo”, que chocando-as com casos horrendos, violência sexual contra crianças, famílias famintas e sedentas sem nenhuma possibilidade frente as circunstancias ou ao ambiente no qual estão inseridas, com moradores de rua órfãos dos mais elementares direitos, com idosos sem família, com crianças sem pais, com adultos sem emprego ou educação, com imagens de um país sem governo, com a omissão e o descaso do poder publico que covardemente fecha os olhos aos desvalidos enquanto a corrupção grassa feito erva daninha em seu seio, então estamos muito bem obrigado!! Em todos os momentos vamos falar disso, reclamar de como as coisas estão, inclusive durante o trabalho, na faculdade e nos finais de semana, porque se o mundo ainda não mudou, é só uma questão de tempo... mais alguns dias e viveremos numa sociedade justa e solidária.
O bom senso aponta em direção contrária e é preciso que reconheçamos que a grande maioria das pessoas, bem como das associações beneficientes, trabalha com foco nos efeitos, não nas causas e que isso não é prerrogativa destes, é o modus operandi de quase todos os organismos e governos. Imaginem se, após um esforço concentrado, se chegasse a erradicar a pobreza, as epidemias e as violações aos direitos humanos em não mais do que trinta anos. Era o mesmo que dar adeus às verbas, aos empregos pendurados na conta social e à superestrutura dos órgãos públicos que são generosamente cobertos pelos pobres contribuintes.
Se não pensarmos em como podemos executar nossas ações, de maneira organizada, para à médio prazo ver sumir a carência e o abandono, não chegaremos nunca a lugar algum, seja na nossa casa, na nossa rua, na nossa cidade ou no nosso país. Nós, atores sociais do chamado Terceiro Setor temos que idealizar o dia em que não teremos mais para quem oferecer nossos benefícios, sob pena de engordarmos a massa de servidores do clientelismo, das Centrais e Serviços que fazem projetos para inglês ver bancados pelo governo e em cujas estruturas a sociedade civil não tem poder para intervir nem provocar mudanças; tudo vem de cima, até os defeitos.
Voltando à nossa questão, sabemos por experiência própria que tudo de desagradável e que embrulha o estomago nos apelos sociais, com raríssimas exceções, sintetizam a mais pura verdade do que acontece nos subterrâneos da sociedade, contudo ensejo fazer um convite: Fazer um mundo melhor, tendo ações e falando de como podemos ter essa Terra dos Sonhos, esse mundo ideal e, mais do que isso, de como podemos plantar hoje as árvores que darão seus frutos para as gerações que já estão ai e que trazem em seu lastro inumeráveis outras, que poderão vir sempre com mais condições reais de serem felizes.
Somos milhões de pessoas trabalhando no Terceiro Setor em todo o planeta. Multipliquemos por quatro este numero e englobaremos os milhares de pessoas anônimas que em suas vidas defendem os mesmos valores que nós e tomam iniciativas muito objetivas para melhorar o mundo. Se este contingente assumir publicamente que pretende ser exemplo deste cidadão renovado, não precisaremos de muitas campanhas de conscientização. Vale mais uma ação do que um ponto de vista pois este último irá somar-se a outros milhares e irá perder-se no infinito das idéias.
Assumamos de fato o lugar que é nosso por direito e chamemos para nós a responsabilidade de sermos multiplicadores do mundo ideal onde valores como o mais e o menos serão abolidos dos temas sociais, porque não existe amor pequeno e amor maior, pouca solidariedade ou muita fraternidade. Só assim os valores universais dos homens de boa vontade poderão ser o fiel da balança.
Infelizmente neste final de ano vemos de novo os holofotes voltados para os homens que se arvoram “dirigentes da política e da economia global” que de seus escritórios refrigerados, falando de desenvolvimento sustentável e capitalismo social, reduzem o crédito e o consumo às custas do desemprego, da falência de muitos empresários e do empobrecimento da população, sob o pretexto de refrear a inflação que eles criam artificialmente ou com seus desmandos. Vemos o G8, o G20, os Bric´s e mais uma infinidade de seres sob alguma alcunha alfanumérica, achando que podem resolver problemas com as velhas receitas que nunca funcionaram. Os governos conseguem linhas de crédito, liberam volumosas remessas de dinheiro às instituições financeiras e estas repassam por 20 o que pagarão 2, à economia real, como passamos à ser conhecidos por trabalharmos, plantarmos, comprarmos e comermos. Eles vão dormir em paz, mas aqui embaixo nada disso chega nem provoca qualquer efeito benéfico, muito antes pelo contrário.
Por isso, sem almejar nenhuma autoria pois que este projeto é de todas as pessoas de bom coração, vamos mudar o mundo e mostrar como se faz o que aqueles senhores nem imaginam, e para tanto não precisaremos ter atitudes de desapego extremas como Gandhi, bastam simples atitudes no dia-a-dia. Se ninguém no transito respeita o direito alheio, vamos respeitar, vamos parar na faixa de pedestres independente do que pensam os outros, vamos permitir que aqueles que demonstram estar com mais pressa, nos ultrapassem. Vamos ver uma família à beira da estrada e oferecer ajuda e assim em todas as coisas que envolvem nossas vidas, independente de crenças religiosas. Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para eliminar as incoerências da vida que levamos em relação a vida que gostaríamos que todos levassem. Vamos entender claramente que quando, mesmo sem desejar, obtemos uma vantagem qualquer sobre os demais, estamos ultrapassando o nosso direito e isso, multiplicado exponencialmente, se transforma no pesadelo de degradação humana que nós mesmos vivemos e sentimos hoje. Aquela abordagem histórica de que nossos netos não terão “um mundo para chamar de seu” já está ha muito ultrapassada: somos nós mesmos que colhemos o mal estar que plantamos o que significa dizer que somos a própria causa deste estado de coisas que nos desagrada tanto. Se atacarmos nossos costumes evitaremos os efeitos e poderemos experimentar do sabor de sermos integralmente realizados. Se os nossos netos, receberem um mundo melhor é sinal que nós e nossos filhos fizemos a lição de casa, mas caberá a eles fazerem a parte deles, ou por tudo à perder, afinal cada um é livre para escolher a vida deseja ter. Essa sempre foi a base das relações sociais.
Deixemos aos políticos de plantão falar das mazelas dos governantes que pretendem substituir e com os quais jantarão uma semana após o pleito pois eles mesmos verão suas platéias minguando e seus argumentos sendo sepultados com os esqueletos do velho mundo, arquétipos formados inclusive pela grande mídia. Até lá que esta última continue emitindo mais sinais digitais de malevolência e deboche frente a tristeza humana, alternando piada, esporte e desprezo, afinal é um direito deles, porem nossos receptores estarão sintonizados no que exalta a realidade tangível, porque esse é o nosso direito. Se os índices de audiência continuarem a ser medidos da forma como são, querendo nos empurrar goela abaixo a mentira que diz que na média somos todos ignorantes e insensíveis, que o façam. Da nossa parte nem tomaremos conhecimento deles.
Todos querem viver melhor, então paremos de resmungar e façamos coisas positivas. É certo que as entidades assistenciais sérias precisam sobreviver com a ajuda de um batalhão de pessoas, mas que sejam dirigidas sob esse enfoque. Estou certo de que nossos asilos se encherão de pessoas sensíveis para ouvir nossos idosos falarem de suas experiências, nossas creches e abrigos se tornarão centros de alegria que a todos contagiaria. À porta de nossas clinicas, hospitais, escolas e mais um sem numero de unidades acorrerão empresas e organismos que desejarão participar desta lufada de ar novo, de luz e solidariedade!
Em pouco tempo, estas ações alcançarão governos e políticos e nós nos prepararemos para ir diminuindo o nosso tamanho, até desaparecermos por completo, afinal de contas a Terra dos Sonhos não precisará de nós pois terá educação, justiça, fraternidade e amor. Será chegada a época em que todas as pessoas, em todos os âmbitos de suas relações, serão conscienciosas, aptas e felizes. Ninguém mais precisará lembrar ou exigir o seu direito, muito menos o direito publico que o precede. A justiça na acepção maior do vernáculo dirigirá a todos e liderará os povos multiplicadores do bom senso.
Precisamos pensar em como ocuparemos nosso tempo quando isso acontecer, ou talvez saibamos já hoje, afinal doamos nosso tempo, dedicação e profissionalismo e não ganhamos nem um centavo por isso pois sempre vimos que a satisfação dos nossos beneficiários é o melhor pagamento.
Alguns dirão que Alice, ou mesmo o gato do país das maravilhas se sairia melhor, outros nos chamarão de inocentes, idealistas, utópicos, Zaratrustas tardios, mas nada disso nos importa, como nunca nos importou, porque como diz o mascote da nossa entidade: “Sempre vale a pena lutar por ideais nobres e verdadeiros. Pode ser sonho para muitos, mas é realidade para nós!!!” e nenhuma mudança significativa jamais ocorreu no mundo sem uma dose extrema de idealismo e coragem. Viva a Terra dos Sonhos !!!

Um abraço fraternal a todos
Alcy Paiva

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Poema que meu pai declamava...

Duas Almas (Alceu Wamosy)

Ó tu, que vens de longe... Oh, tu que vens cansada,
Entra, sob este teto encontrarás abrigo.
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho

Vives sozinha sempre, e nunca foste amada!
A neve anda a branquear lividamente a estrada.
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra. Ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada...

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa.

Já não serei tão só; nem serás tão sozinha!
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha!...
---x---x---

Lindo poema, mas sempre que meu velho declamava estava ligeiramente sob o efeito de uma aguardente daquelas. À certa altura da vida, D.Silvia, minha mae, nao aguentava mais ouvir isso e certo dia, quando ele estava terminando a primeira "estrofe" (... e vivo tao sozinho.) Ela teve uma reaçao inacreditável. Porque nao era coisa que ela fizesse nem combinava com a Amélia que muitas vezes ela encarnava...a reaçao foi, olhando pra porta, onde nao se podia ver ninguem... bradou
"Entra, mas entra logo...entra e vem fazer comida pra ele... vem lavar a roupa dele e vem cuidar dele, porque eu já nao aguento mais !!!". Retirou-se entao e o silencio se fez. O Velho só foi retomar o verso muito tempo depois quando ja havia esquecido do ocorrido e quando lembravamos da reaçao dela ele dava uma boa gargalhada por entre o bigodao de leao marinho e dizia " ...magina.."

domingo, 25 de janeiro de 2009

Unimultiplicidade “Onde cada homem é sozinho, a casa da humanidade”- Tom Zé / Ana Carolina

Olha que texto !!! Dispensa maiores comentários.

Só de Sacanagem

Meu coração está aos pulos
Quantas vezes a minha esperança será posta à prova
Tudo isto que está ai no ar: malas, cuecas, que voam entupidas de dinheiro
Do meu dinheiro, do nosso dinheiro,
Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós
Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais,

Este dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz
Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz

Meu coração está no escuro
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: Não roubarás.
Devolva o lápis do coleguinha; Esse apontador não é seu minha filha.

Pois bem, se mexeram comigo...
Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido...
Então agora eu vou sacanear: mais honesto ainda eu vou ficar
Só de sacanagem
Dirão: deixa de ser bobo, desde Cabral que aqui todo mundo rouba!!
Vou dizer: Não importa, será este o meu carnaval.
Vou confiar, mais e outra vez;
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos;
Vamos pagar limpo a quem a gente deve
E receber limpo do nosso freguês

Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escanbal
Dirão: É inútil, todo mundo aqui é corrupto desde o primeiro homem que veio de Portugal...
E eu direi: Não admito, minha esperança é imortal!! e eu repito... imortal!! ouviram?!
Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar para mudar final.

Flor de Maracujá - Foto do Sergio Paiva


Fala sério !!! Isso sim é uma foto profissional, jamais havia visto coisa igual !!! Natureza e Observador em perfeita sintonia. Parabens meu Velho, nao é a toa que suas fotos correm o mundo e recebem tantos elogios, inclusive peguei esta no site portugues http://olhares.aeiou.pt/galerias/detalhe_foto.php?id=2397557
Parabens Mano. !!!


sábado, 24 de janeiro de 2009

Algumas Fotos Minhas

Antes que os fotografos profissionais reclamem... sou iniciante... entao manerem.








Pena que nao sou tao bom quanto gostaria, mas que esta foto é de uma formiga que morreu sentada..isso é...rs





















E este sapito?...isso é que é aerodinamica... ninguem supera a natureza das coisas naturais. Vai ver que a Porche tirou dai o design magico deles...

E depois chamam de "natureza morta"...só de olhar sinto o sabor delas...rs

Pois é...registrado está...nao sou bom fotografo mas ainda que limitado, nao me acostumo com a idéia de nao tentar.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Estranho Ser - Poesia

Estranho Ser Dezembro/2008

Me ausentara do lápis e do caderno,
Abandonara o teclado falso
Me deixara à meio caminho de lugar algum.
Ser quem se é cansa,
Pensar quem se pensa poder pensar, é ruim.

Dois meses entregue.
Sem viver, sem sonhar.
O lápis sem ponta,
A única tecla, Del
Lata de lixo esquisita
Como em mim,
Nunca vão embora pra sempre.

Um vento quente soprou por entre os bambus
E um silvo triste se pode ouvir.
Era dia de morrer, dia de aceitar.

Acordo letárgico do pesadelo
Acendem-se luzinhas à piscar
Setas que mostram o caminho, curvam-se
Estradas longas, encurtam-se
Ar bucólico e assobradado
Coisas que não vivi mas talvez devesse

Imediato o medo
Quase reconhecido, parte de uma parte que não é mais
Os passos passam como em nuvens
Vontade de não ouvir, pânico de não saber
Empurram na direção do incerto.

Um rosto conhecido, depois dois e outros tantos
Um abraço amigo
Um lugar onde reconhecem-me.
Desejo saber quem sou,
Desejo deixar de não ser

Deus impotente e covarde
Arvora-se dono do poder
Faz instantâneo, do desejo, real,
Solidão, dia de sol.
Param rios, volvem-se cascatas.

Estranho ser.
Num momento nada, no outro viver.
Agora é saudade,
Agora desejo,
Não mais de morrer.

Por um dia mais ou dois,
Por um pouco de sonho a dois.
Por uma vida dentre tantas.
Saber que não custa, entender que não força,
Sentir que sempre esteve sem nunca ter estado.

Aponto o lápis e aperto as teclas,
Outras coisas pra dizer,
As mesmas de sempre.
Vontade de escrever.

Vida estranha,
Estranho ser.



Alcy Paiva

Melhor Morrer - Poesia

Melhor morrer Setembro/08

Existe um atrativo que se busca
Ou que nos busca ou nem busca
Está parada e nós altivos
Não vemos nem tampouco a achamos

Passados varias vezes na maquina de moer
Temperados e destemperados
Ao molho ou secos, disparates ambulantes
Céleres espalhando nossas crinas ao vento

É que temos coisas que nos esperam
Coisas que esperamos e coisas que não são
Coisa nenhuma em nós e por nós
Daí corremos, daí saltamos, daí quebramos a perna

E na cama como antena que capta satélites esquecidos
Morremos parados, incomodados, irritantes horas
Sono que não passa, coisa desagradável em nós
Que nunca deixamos a vida passar, só a passamos
Por baixo, pela direita, como der

E ela parada
Seus cálidos braços em nossa volta
Seu bafo quente e lento em nossa cara
Sua coisa que estranho não vive
E vive tanto que está ali

E ela parada
Se durar, um dia a sentimos dentro de nós
O coração a parar, o ar a parar
A cabeça parada, o sonho parado, o sono.
Abanamos rápido balançamos nossa cabeleira
Num momento de pé, pálido espanto

E ela parada
Nunca mais encarando-a como assassino
Nunca mais
Paz não... nunca...
Melhor moer de novo, temperar mais
Melhor morrer
Parado não.

Alcy Paiva

Quando eu for rei - Poesia

Quando eu for rei setembro/2008

Meu reino será como Pasargada de Manuel,
Menos talvez machista, darei alguns direitos à mulher
Menos o de deixar de ser mais sensível que o homem,
Menos o de abortar sonhos lânguidos ao ruído baixinho de riacho,
Menos o de não querer amar e muito menos o de querer amar um,

Será como a mansarda de Pessoa, os sertões de Euclides
Sensível, imprevisível, aceitável.
Terá trens em todas as direções,
Trens noturnos de viajantes esperançosos,
Whiskie com guaraná, porções de bolinhos de carne seca do Valadares,
Garçons espertos como o Baixinho ou o Mane, leitores de cartões wireless
Varanda nos vagões, demoras que passam por estações,
Homens distintos de sonhos impossíveis, madrugada até o meio dia

Vendedores de brincos e bijuterias, versos recitados à mesa,
Banheiros limpos e remédio para taquicardia,
Estações bucólicas entre montanhas,
Táxis sempre prontos, motoristas discretos,
Casinhas com lareira na colina,
Hotéis sem mofo nem cheiro,
Mariatis que dispensam propina

Policia holandesa, permissividade francesa,
Safadeza brasileira, discrição húngara, beleza russa.
Saias só justas e acima do joelho,
Vestidos só hippies e espaçosos com bordados indianos,
Ternos só italianos, sapatos alemães.

Coxas grossas e punhos de aço nas mulheres,
Morenas, mamelucas, índias, brancas, rosadas e muticor.
Peito largo e braços fortes nos homens,
Corados, barbeados, rastafari, o que quiser.

Hino nacional do Raul cantado por Caetano e Ana
Doze bandeiras, uma por mês no mastro,
Doze religiões, todas de uma vez
Nenhum ministro, muitos amigos.

Restaurantes com estacionamento gratuito,
Comida aprazível de todos os matizes,
Bolsa artista para quem a fizer ou mostrar
Camburões só de cevada, gelo a vontade.
Fusca pra todo mundo.
Um só imóvel por pessoa,
Bancos que imprimem quanto se precisar – sem gerentes nem filas.

Inexiste o aluguel e as empresas de cobrança,
Inexiste pobreza e vingança.
Inexiste roubo e arrogância.
Fica extinta dor sem remédio e morte sem sono.

Policiais serão policiais,
Bandidos, bandidos,
Amantes, amantes,
Ficará extinto o direito a duvida, o ônus da prova
O casamento

Banheiras e espuma em todas as casas,
Imposto por tristeza compulsória,
Pelo menos cinco amigos do peito para cada peito
Pelo menos cinco semanas de férias alem das férias
Só se trabalhará por prazer,
Sabão, azeite, feijão com carne seca e macarrão com molho para todos.

Quando for rei a frota real ficará a disposição
Porque pelo menos uma vez na vida
Se deve acelerar o V8 presidencial,
Levar os amigos na limusine papal,
Namorar no Jaguar imperial,
Voar na mansão alada real.

Quando for rei, meu reino será Avalon
Sem brumas nem guerras,
Cálices para conhaque, taças para vinho e copos para o resto
Fica extinto o assedio, a solidão e os distúrbios mentais.
Ficam extintas as viagens do rei a outros reinos,
As bermudas para as mulheres e os shorts para homens.

Fica abolido o self-service e a indolência
Batom, rouge, pintura de cabelo, meia fina,
Torresmo com farofa grossa e gordura de porco,
Plástica e combustível por conta da casa.

Crianças até quando quiserem,
Peixes nos rios, água potável, limpeza austríaca
Fica abolido o fósforo e a pólvora,
Fica banido o ciúme doentio.
Fica permitido o ócio

Quando eu for rei,
Esta será a lei; as outras revogadas
E ponto.
Está pronto.

Alcy Paiva

Estranho - Notas

Estranho setembro/2008

Inevitável e insuspeito são minhas qualidades que nunca tive. As tenho perante os outros; a morte me alivia, o desassossego me completa e me emudece como se fosse o que sempre espero sem nunca ter mirado nem pedido.
Distante de tudo observo a mim nas mais imperfeitas situações e um sentimento de desprezo pela comoção que me atinge, amplifica-se em oposição ao que eu mesmo sentia. Sinto ainda mas agora menos. Sinto tanto que deixo de sentir; torno possível o dessentir, como se morasse em outro, não mais em mim.
Quando vejo o reflexo da minha imagem nos vidros e espelhos demoro a entender que sou eu, porque não se parece comigo nem com o que pareço parecer para mim. Estou disfarçado em mim e para mim por isso desconheço quem sou de fato, desconheço o que posso e o que sinto, de fato. Sou eu normal sem reflexo mais eu anormal, conhecido por todos menos por mim.
Andamos os dois a dividir a mesma vida, a se entender mutuamente sem ao menos se conhecer. Só não suporto sua presença quando amo e eu não, quando odeio e eu aceito naturalmente. Talvez um dia tenhamos que nos enfrentar e decidir quem pode viver e quem deve morrer, mas adio esta data porque suspeito que inevitavelmente perderei algo de mim.



Alcy Paiva

Tempos de Rio - Poesia

Tempos de rio setembro/2008

Houve sim, tempo de ser vencedor,
Tempo de se guardar,
Tempo de se ofertar e delirar,
Não há mais,
Só deixar, só correr, só se misturar

Som de mata, rio
Som de rio, a própria mata
O próprio rio, mata
Misturar, esquecer
Apego não ter,
Só correr, murmurar,
silenciar.

Alcy Paiva

Legionários - Poesia

Legionários Setembro/2008

Quem dera participasse de bandos,
Quem dera minha dor fosse de outros
Fosse de quem fosse, mesmo minha
Que não fosse solitária
Indescritível
Que partilhasse, que transpassasse, que buscasse
Com mil versos e mil formas
Num dia lendo por ler qualquer coisa
Veria ali espelhada ela
E saberia como me livrar
Por outros minhas mãos saberiam o que pegar,
Por outros saberia quem matar
Que a mim mesmo fosse mas que matar
Fosse mais que morrer
Fosse também libertar o bando que me acompanha
Seria mais honroso, feito filme, feito prosa
Minha vida pela deles mesmo que só fosse
Dar por algo a mais do que por mim.


Alcy Paiva

Vontade de nao querer - poesia

Vontade de não querer Agosto/2008

O brado, o forte, o retumbante,
Ouço ao longe cantar e me pergunto

Só silencio e a musica a tocar,
Só vazio sem nada
De retumbante o coração
Que ousa desafiar o silencio

Querer nada, por nada,
Não, por nada,
Só por não querer, só
Murchar feito rosa, sem respirar
Ausentar-se sem querer ir nem estar.
Morrer sem querer nem desejar
Só morrer


Alcy Paiva

Outros - Poesia

Outros Agosto/2008

Certas coisas certas me acertam como a um alvo
Certas coisas erradas que não me erram
Certas incertezas egoístas que insistem em serem certezas
Certas serenidades e resoluções que não são mais
Só serenidades e resoluções que são para outros

Erradas palavras que insistem em ser erradas
Erradas atitudes que são mesmo erradas
Errados sentimentos, mas sentimentos assim mesmo
Só sentimentos que são pelos outros

Pesares que não me abandonam
Pesares que permitem tudo de pesares
Pesares que impedem e atropelam
Pesares que ancoras tem como se barcos fossem
Só pesar que são por outros

Ardil enredado nos pensamentos
Vida suspensa sem trocar passos
Sem trocar coisas, palavras, atitudes e sentimentos
Só abandono, permissividade, impedimento e ancora
Só por quem são outros em mim.



Alcy Paiva

Morte - Poesia

Morte Agosto/2008

Haverão dias intermináveis
Dias com tudo de noite
De noite sem fim em que nada traz paz
Nada traz sono nem descanso
Noites de devaneios, de cruz e auto-piedade

Haverão noites como dias tristes
Dias de enterro, de velório de amigo querido
De cheiro de crisântemo, rosa velha, coroas encostadas
Falta absoluta, ausência de ar para respirar,
Ausência do o que faz sentido
Ou fez e não faz mais, mas por isso mesmo faz, como sempre fez

Haverão anos de luto fechado, de viuvez opaca.
De circunspecção e abandono
De folhas no chão, árvores esqueléticas
Outono de vida que não passa nunca
Que não vê nem ouve, nem pressente...

E num desses dias noites outonais e sem brilho
Morrer de uma morte doída
De uma morte inesperada, daquelas que espantam e arrebatam
De uma morte digna de um louco
Que se abandonou da lógica das coisas insensatas
De uma falta de razão impar que pretende
Em sua arrogância e pretensão, ser mais que vida, mais que ser

Mais que sombra
Vulto que transpassa sem respeito
Sem consideração pelo mundo razoável
Que anseia por não perder o próprio vazio.
Morte, mesmo em vida, sem motivo, sem sentido.

Alcy Paiva

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sejam bem vindos meus amigos

Oi pessoal,
Criei este blog para trocarmos idéias, poesias, imagens e contar muitas histórias. Espero que voces me ajude a construir um lugar legal onde possamos fazer amigos e expor o que pensamos e tambem o que escrevemos