domingo, 15 de fevereiro de 2009

Oswaldo Montenegro

METADE

Que a força do medo que tenho,
Não me impeça de ver o que eu sei,
Que a morte de tudo que acredito,
Não me tape os ouvidos e a boca,
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silencio,
Que a musica que eu ouço ao longe,
Seja linda ainda que triste,
Que a mulher que eu amo,
Seja pra sempre amada mesmo que distante,
Porque metade de mim é partida,
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo, não sejam ouvidas como prece,
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas,
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
Mas a outra metade é o que calo,
Que essa minha vontade de ir embora,
Se transforme na calma e na paz que eu mereço,
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada,
Porque metade de mim é o que penso,
Mas a outra metade é um vulcão,
Que o medo da solidão se afaste,
E o convívio comigo mesmo,
Se torne ao menos suportável,
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso de infância,
Pq metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei,
Que não seja preciso mais que uma alegria
Pra aquietar o espírito,
E que o teu silencio me fale cada vez mais,
Porque metade de mim é abrigo,
Mas a outra metade é cansaço,
Que a arte me aponte uma resposta,
Mesmo que ela não saiba,
E que ninguém tente complicar,
Porque é preciso simplificar,
Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção,
E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,
E a outra metade também.

Poema de autoria não confirmada, declamado por Oswaldo Montenegro

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