domingo, 24 de maio de 2009

Erva-daninha - Alcy Paiva 24/05/09

Vou crescer à sua volta, feito coisa imprestável e indesejada.
Vou ficar aos seus pés feito coisa que não se queira
Porque sou eu e não você quem decide quando devo ir,
Porque é você e não eu quem me classifica ruim assim.

Se não devo ter esperanças; o problema será meu.
Se não devo esperar nada; quem sabe nunca esperarei
Receberei qualquer enxovalho como elogio.
Se não devia estar ali dizendo que te amo;
Estarei por tanto tempo até que isso me faça mal.

Devia colocar nessa sua linda cabeça,
Que o que sinto, independe de sua vontade.
Que o que sou, independe do seu querer.
Foi você quem mudou. Foi você que negou o que sentia até então.

Não eu. Não. Eu continuarei aqui feito estação sem trem.
Ansiosa pelo roncar dos seus motores,
Pelo calor que exala de sua fronte lívida,
Pela vivacidade que me mostrastes e me apresentastes.

Fico aqui sem passagens nem passageiros.
Fico aqui aguardando o tremor em minha plataforma.
Porque me mostrastes que sou frágil, por ter-me sentido inumano sem você.
Por me ter feito ver que a felicidade dos trilhos é o peso do seu corpo que passa.

Serei erva daninha em sua horta.
Serei capim sem valor em seu jardim.
Serei, sem querer, feito praga em suas plantas.
E mesmo quando não me quiser sentir ou ver,
Lá estarei. Indesejado. Para o meu prazer.

Alcy Paiva - 24/05/09

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Adendo de Angela Paiva à poesia QUANDO EU FOR REI
22/05/09

Quando eu for REI
O bom dia se seguirá de um sorriso irmão
A ofensa sempre terá perdão
Na bondade haverá gratidão
Para qualquer cegueira, a visão
Em caso de incompetencia, copreensão
Aos iletrados, a instrução
E que todo o sentimento venha do coração.

domingo, 17 de maio de 2009

MORRE O AMOR - MAIO - 2009-05-15

Tenho a certeza de que amor,
O sentimento ao qual damos este nome,
E mesmo o nome que designa tantos sentimentos,
É coisa desconhecida, ou então, no mínimo,
É tanta coisa conhecida, que se parece com tudo,
Ficando seu real significado, se é que o tem,
Sendo nada.

Todos os esforços de trinta anos ou cinqüenta,
Não significam amor nem entregam este significado.
Todo o intento de compreende-lo, de vive-lo ou viver
Sob os auspícios de uma lei chamada amor,
Revelam-se vazios, mostram que também não é lei,
Também não é conceito, como verdade ou justiça.
É vão. Qualquer um pode desacredita-lo,
Qualquer um mostra, com um mínimo de experiência,
Formação ou intenção, que não passou de outra coisa:
Amor não!

Não há abnegação, entrega,
Não há devoção sob a qual não paire a suspeita,
Tudo se resume, tudo se conceitua:
Era medo, era comodismo, era safadeza,
É falta-de-vergonha-na-cara,
É, e pode ser tudo.
Amor não!

O amor morreu.
É isso; morreu e não lhe queremos aceitar a morte.
Ficou somente nas fábulas, nas estórias de criança,
Não mais existe e daí não mais o encontrarmos.
Tudo o mais é qualquer coisa de vulgar,
Qualquer coisa de desprezível,
Qualquer coisa que de tão insolente,
Lembra que antes, tudo era amor.
Mas isso foi antes. Antes da morte, antes de amar.

Ou é isso, ou outra coisa diametralmente oposta
Mas ai as pessoas seriam também o oposto
Daquilo que imaginamos.
Nesse caso, melhor mesmo que o amor não exista.
Seja somente esperança de existir.

Afinal é o que também somos,
Nós que até agora acreditávamos no amor:
Quase-pessoas com esperança de vir a existir
Nada mais que isso.
Um sonho à espera de um escritor de fábulas.
À espera de crianças que acreditem no amor.

Alcy Paiva
AMOR QUE TIVE – Maio 2009-05-17

Amei desesperadamente,
Amei apressadamente
Como se o tempo corresse sempre que amava
Passava rápido e eu, sem me dar conta, passava também.

Um sentimento de desespero se apoderava de mim,
E a isso chamava amor,
Mas um dia me dizia que aquilo que eu era,
Que eu sentia e me desesperava,
Que aquilo não era amor.

Tentava insistentemente mostrar,
Demonstrar que era amor,
Que era descompromissado, então era amor.
Que era gratuito, então era amor.
Que era pleno, então, só podia ser amor.
Que fazia belo o meu mundo,
Que fazia feliz a minha vida,
Mas não.

Quem eu mais amava,
Usava de recursos que jamais imaginara
Para me mostrar sempre:
Era egoísmo, loucura ou covardia.
Quem era eu pra entender de amor?
De amor entendiam eles, que me repreendiam.
Aliás, de amor ainda entendem,
Pois a mim não voltaram pra dizer que erraram.

Não sabem o mal que me causaram,
Não sabem o fardo que me impuseram.
Não acredito nem no amor que tive.
Não acredito nem mais em mim.

Talvez exista sim o amor,
Nesse caso, eu é que sou indigno
Eu é que sou vil,
Para senti-lo ou para recebe-lo.

Deus do céu !!!
Devo ter feito muito mal
À quem imaginei amar.
Daí a paga que me deram,
Daí o abandono em que vivo.

Deus do céu !!!
Olhai por mim.
Alcy Paiva