domingo, 17 de maio de 2009

MORRE O AMOR - MAIO - 2009-05-15

Tenho a certeza de que amor,
O sentimento ao qual damos este nome,
E mesmo o nome que designa tantos sentimentos,
É coisa desconhecida, ou então, no mínimo,
É tanta coisa conhecida, que se parece com tudo,
Ficando seu real significado, se é que o tem,
Sendo nada.

Todos os esforços de trinta anos ou cinqüenta,
Não significam amor nem entregam este significado.
Todo o intento de compreende-lo, de vive-lo ou viver
Sob os auspícios de uma lei chamada amor,
Revelam-se vazios, mostram que também não é lei,
Também não é conceito, como verdade ou justiça.
É vão. Qualquer um pode desacredita-lo,
Qualquer um mostra, com um mínimo de experiência,
Formação ou intenção, que não passou de outra coisa:
Amor não!

Não há abnegação, entrega,
Não há devoção sob a qual não paire a suspeita,
Tudo se resume, tudo se conceitua:
Era medo, era comodismo, era safadeza,
É falta-de-vergonha-na-cara,
É, e pode ser tudo.
Amor não!

O amor morreu.
É isso; morreu e não lhe queremos aceitar a morte.
Ficou somente nas fábulas, nas estórias de criança,
Não mais existe e daí não mais o encontrarmos.
Tudo o mais é qualquer coisa de vulgar,
Qualquer coisa de desprezível,
Qualquer coisa que de tão insolente,
Lembra que antes, tudo era amor.
Mas isso foi antes. Antes da morte, antes de amar.

Ou é isso, ou outra coisa diametralmente oposta
Mas ai as pessoas seriam também o oposto
Daquilo que imaginamos.
Nesse caso, melhor mesmo que o amor não exista.
Seja somente esperança de existir.

Afinal é o que também somos,
Nós que até agora acreditávamos no amor:
Quase-pessoas com esperança de vir a existir
Nada mais que isso.
Um sonho à espera de um escritor de fábulas.
À espera de crianças que acreditem no amor.

Alcy Paiva

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