Estranho Ser Dezembro/2008
Me ausentara do lápis e do caderno,
Abandonara o teclado falso
Me deixara à meio caminho de lugar algum.
Ser quem se é cansa,
Pensar quem se pensa poder pensar, é ruim.
Dois meses entregue.
Sem viver, sem sonhar.
O lápis sem ponta,
A única tecla, Del
Lata de lixo esquisita
Como em mim,
Nunca vão embora pra sempre.
Um vento quente soprou por entre os bambus
E um silvo triste se pode ouvir.
Era dia de morrer, dia de aceitar.
Acordo letárgico do pesadelo
Acendem-se luzinhas à piscar
Setas que mostram o caminho, curvam-se
Estradas longas, encurtam-se
Ar bucólico e assobradado
Coisas que não vivi mas talvez devesse
Imediato o medo
Quase reconhecido, parte de uma parte que não é mais
Os passos passam como em nuvens
Vontade de não ouvir, pânico de não saber
Empurram na direção do incerto.
Um rosto conhecido, depois dois e outros tantos
Um abraço amigo
Um lugar onde reconhecem-me.
Desejo saber quem sou,
Desejo deixar de não ser
Deus impotente e covarde
Arvora-se dono do poder
Faz instantâneo, do desejo, real,
Solidão, dia de sol.
Param rios, volvem-se cascatas.
Estranho ser.
Num momento nada, no outro viver.
Agora é saudade,
Agora desejo,
Não mais de morrer.
Por um dia mais ou dois,
Por um pouco de sonho a dois.
Por uma vida dentre tantas.
Saber que não custa, entender que não força,
Sentir que sempre esteve sem nunca ter estado.
Aponto o lápis e aperto as teclas,
Outras coisas pra dizer,
As mesmas de sempre.
Vontade de escrever.
Vida estranha,
Estranho ser.
Alcy Paiva
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
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