quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Morte - Poesia

Morte Agosto/2008

Haverão dias intermináveis
Dias com tudo de noite
De noite sem fim em que nada traz paz
Nada traz sono nem descanso
Noites de devaneios, de cruz e auto-piedade

Haverão noites como dias tristes
Dias de enterro, de velório de amigo querido
De cheiro de crisântemo, rosa velha, coroas encostadas
Falta absoluta, ausência de ar para respirar,
Ausência do o que faz sentido
Ou fez e não faz mais, mas por isso mesmo faz, como sempre fez

Haverão anos de luto fechado, de viuvez opaca.
De circunspecção e abandono
De folhas no chão, árvores esqueléticas
Outono de vida que não passa nunca
Que não vê nem ouve, nem pressente...

E num desses dias noites outonais e sem brilho
Morrer de uma morte doída
De uma morte inesperada, daquelas que espantam e arrebatam
De uma morte digna de um louco
Que se abandonou da lógica das coisas insensatas
De uma falta de razão impar que pretende
Em sua arrogância e pretensão, ser mais que vida, mais que ser

Mais que sombra
Vulto que transpassa sem respeito
Sem consideração pelo mundo razoável
Que anseia por não perder o próprio vazio.
Morte, mesmo em vida, sem motivo, sem sentido.

Alcy Paiva

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